Vol. 02, nº 2, 1994

TENDÊNCIAS - Brasil: eleições presidenciais (1950-1994)

Resumo

O Tendências apresenta dois valiosos conjuntos de dados sobre tendências de opinião e comportamento político. No primeiro conjunto, Tendências resgata para o leitor dados das pesquisas de opinião realizadas pelo IBOPE para o período entre 1949 e 1968. Para esse período, infelizmente, não há registro eletrônico dos dados, e contamos apenas com relatórios datilográficos que compõem o acervo histórico do IBOPE preservado pela UNICAMP. As limitações impostas ao tratamento dos dados são definidas ainda pela metodologia, aperfeiçoada ao longo do período. Assim, a partir de 1948, as amostras utilizadas nas pesquisas definiam quotas por sexo três faixas sócio-econômicas, a saber, classe A, ou rica; classe B, ou média, e classe C, ou pobre. A partir de 1955, a classe B foi subdividida em três estratos (B1-média superior, B2-média intermediária e B3-média inferior). Já na década de 1960, as faixas sócio-econômicas foram definidas como A (rica); B (média); C (pobre); D (pobre inferior). Para o período não se dispõe de registros por faixas etárias dos entrevistados. O resgate das tendências eleitorais para as eleições presidenciais de 1955 e 1960 no Rio de Janeiro, Guanabara e São Paulo permitem avaliar o papel das lideranças políticas na composição do cenário político nacional, e ainda, dimensionar a visibilidade dos principais partidos do período no sentido do fortalecimento de suas identidades no eleitorado. A análise pioneira destes dados realizada por Antonio lavareda, em A democracia nas urnas1 conclui pela identificação de tendências no sentido da estabilização daquele sistema partidário. No campo dos valores e atitudes, os dados desse período permitem avaliar para as décadas de 1950 e de 1960 as tendências de opinião sobre a política em geral, o papel dos partidos, da extensão da democracia e de seu funcionamento, inclusive já sob o regime militar de 1964. O quadro das tendências desse período permite uma valiosa comparação com as recentes tendências de opinião na Nova República, agrupadas aqui para o período das eleições presidenciais de 1989 e 1994. Na segunda parte desta edição, estão organizadas detalhadamente as evoluções das intenções de voto par presidente da República para as duas eleições do período. O ponto singular aqui é observar a transformação das tendências no curto período de 5 anos, que passam de um cenário de ampla fragmentação em 1989 para um quadro praticamente bipolar em 1994, expresso nas intenções de voto dirigidas aos candidatos Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva. Estão também organizados dados sobre participação política, no que respeita ao envolvimento e interesse pelas eleições e pela campanha eleitoral. A importância crescente do papel dos meios de comunicação na dinâmica das eleições está expressa aqui nos dados de consumo da mídia sobre política e no conjunto de dados comparativos entre as intenções de voto e as avaliações dos programas gratuitos e debates entre candidatos. No quadro geral de tendências de opinião para 1994 figura ainda a avaliação do Plano Real, onde é possível observar seu papel como vetor das preferências eleitorais na campanha presidencial. 1 A democracia nas urnas. O processo partidário eleitoral brasileiro. Rio Fundo Ed./ IUPERJ, 1991.

Palavras-chave

eleições presidenciais; papel da mídia

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