Resumo
Este Tendências aborda as manifestações populares que tomaram as grandes cidades brasileiras em junho de 2013. Iniciadas na cidade de São Paulo a partir de um protesto contra o aumento no preço das passagens de ônibus, a “...inabilidade das autoridades locais no trato da questão (...), além da violência policial com a qual foram tratados estudantes e jornalistas que cobriam os primeiros eventos, tornaram algo que tudo tinha de tópico e passageiro em fenômeno político de grandes proporções”(SANTOS, p.17, 2013)*. Para tratar dessas manifestações, TENDÊNCIAS divide-se em duas seções. A primeira delas apresenta as opiniões dos brasileiros sobre os motivos dos protestos, sobre sua eficácia como modo de ação política e sobre o otimismo com o futuro do país a partir de tais atos. Os dados mostram a percepção dos brasileiros de que as manifestações extrapolaram seu mote inicial – contra o aumento das passagens – e tornaram-se, sobretudo protestos contra os políticos e a corrupção no país. Os entrevistados não acreditam, porém, em grandes mudanças na atuação dos políticos em resposta à voz das ruas. A primeira seção traz ainda uma avaliação por parte da população sobre o uso de meios violentos tanto pela polícia como pelos manifestantes. Os dados mostram que, apesar de apoiarem os protestos populares, mais de 40% dos entrevistados consideram que não apenas não apenas a polícia, mas também os manifestantes exageraram no uso da violência. A segunda seção traça o perfil socioeconômico de manifestantes da cidade de São Paulo – em específico dos ativistas que ocuparam a Avenida Paulista em 20 de junho, manifestação ocorrida na esteira da violenta ação policial sobre os primeiros protestos contra o aumento do preço das passagens de ônibus – e suas percepções da política. Os dados mostram a associação positiva entre a renda e a escolaridade, por um lado, e a participação nas manifestações, de outro. Também revelam a importância que os manifestantes atribuem à internet como espaço de mobilização e discussão políticas, ao mesmo tempo em que rejeitam a representação por partidos políticos e sindicatos. Por outro lado, ainda que se mobilizem através das redes sociais, os manifestantes consideram realizar manifestações nas ruas um modo mais eficaz de ação política. Por último, mas não menos importante, há que se registrar que apenas pouco mais de 30% dos manifestantes entrevistados apoiem a ocupação de prédios públicos, fábricas, terrenos e terras como forma de ação política. Editores de OP