Opinião Pública – Vol. 03, Nº 3 1995
Artigos desta edição
Autor: Warren E. Miller
O autor discute a natureza da identificação partidária e conclui que sua caracterização como uma soma corrente de influências de curto prazo na sua formação e mudança subestima profundamente a estabilidade da identificação partidária. O argumento é que o período entre o início dos anos 60 e meados dos anos 80 produziu efeitos geracionais que alteraram os parâmetros básicos da política nacional americana. O autor estuda a influência das últimas três décadas no envolvimento político da geração mais jovem e encontra que a geração pós-New Deal contribuiu para a diminuição do partidarismo do eleitorado, para o declínio nacional do comparecimento e para o realinhamento das bases sociais dos partidos Republicano e Democrata.
Autores: Rubens Figueiredo e Sílvia Cervellini
Os autores retomam algumas críticas sobre o problema da definição de opinião pública e apresentam uma proposta conceitual que contempla quatro aspectos. O primeiro diz respeito ao processo de formação, que deve ser o debate público; o segundo diz respeito à sua forma, ou seja, a expressão pública da opinião; o terceiro é o objeto específico da opinião, que diz respeito à relevância necessária para gerar o debate público. Finalmente, o quarto aspecto é o sujeito da opinião pública, que define-se pelo seu aspecto coletivo.
Autor: Marcus Figueiredo
Este artigo apresenta o uso do indicador Volatilidade Eleitoral de Pedersen no estudo do processo eleitoral brasileiro para o período entre 1950 e 1978. O autor analisa o movimento eleitoral global e nos estados da federação por períodos eleitorais específicos e encontra um comportamento direcionado para os partidos políticos não-conservadores.
Autores:
Este Tendências aborda o mundo do trabalho – um tema chave para se compreender as relações sociais nos países capitalistas – e está inspirado nas grandes transformações econômicas, sociais, políticas, culturais e tecnológicas que nas últimas décadas vêm fazendo com que esta arena se defronte com uma nova “realidade”. Incluem-se aí as inovações tecnológicas, a reestruturação do mercado de trabalho, o desemprego estrutural, a produção internacionalizada, a competitividade a nível mundial, o neoliberalismo e a crise do sindicalismo.
Encontram-se reunidos dados nacionais e norte-americanos, produzidos sobretudo na década de 90, que, mesmo não abordando globalmente as questões acima, contribuem para qualificar a “nova realidade” do mundo do trabalho através das atitudes dos públicos em torno das relações aí contraídas e dos valores sobre o tema.
Os dados nacionais referem-se a pesquisas realizadas no Brasil e no município de São Paulo e abordam diversos aspectos sobre o tema, tais como, a satisfação profissional e salarial, o ambiente de trabalho, as expectativas profissionais, as opiniões sobre sindicatos e greves. Destacamos nesta seção os dados sobre um tema sempre gerador de muitas discussões e que obteve muito destaque ao longo deste ano: a inserção das mulheres e dos negros no mercado de trabalho.
As pesquisas realizadas nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que apresentam questões mais gerais sobre empregos e profissões, mostram também o “estado de espírito” da população norte-americana sobre a nova realidade do mundo do trabalho. Por exemplo, a questão do desemprego estrutural traz à tona as discussões sobre a continuidade das políticas de ações afirmativas, que em outros tempos favoreceram os grupos raciais minoritários, bem como sobre as reformulações dos processos de trabalho para se tentar reverter a tendência de corte de oportunidades de empregos em geral. Outro tópico interessante trata das opiniões sobre as discriminações no trabalho, destacando-se o problema dos aidéticos, que surgem ali como a “mais nova minoria” deste final de século, ao lado das minorias raciais e de gênero.
Na seção internacional estamos apresentando alguns dados resultantes de cruzamento de dados obtidos por via eletrônica. Esta é uma novidade do Poll, o Banco Informatizados de Dados de Opinião Pública do Roper Center, na Universidade de Connecticut, que agora oferece mais esta opção de consulta e pesquisa através da rede eletrônica internacional de intercâmbio.