Opinião Pública – Vol. 03, Nº 1 1995
Artigos desta edição
Autor: Frederick C. Turner
Quais são os constragimentos à influência da opinião pública dos Estados Unidos, no sentido de definir a política externa para a América Latina? A opinião pública latino-americana pode moldar a política externa dos Estados Unidos? Este artigo apresenta os refereciais de opinião americanos, e indica os graus de interesse na América Latina desde o final dos anos 30.
Autores: Antônio Flávio Pierucci e Reginaldo Prandi
A filiação religiosa teria alguma influência sobre o voto? Para o Brasil de hoje, em que tantas são as alternativas religiosas, com diversas visões de mundo e diferentes noções de política, e tão intenso é o movimento de conversão e reconversão, esta questão ganha importância cada vez maior. Em 1994, no decorrer da campanha eleitoral para presidente da República, trabalhando em colaboração com institutos de pesquisa de opinião, foi possível incluir em alguns surveys de alcance nacional perguntas sobre filiação religiosa e participação em movimentos religiosos. É com esta espécie de informação, praticamente inédita entre nós, que buscamos responder à pergunta sobre a relação religião-voto.
Autores: Leandro Piquet Carneiro e Rogério Augusto Schmitt
Este artigo é um estudo sobre a campanha eleitoral na televisão para a Câmara dos Deputados, no estado do Rio de Janeiro em 1994, e analisa a relação entre as estratégias políticas dos partidos e candidatos e os resultados eleitorais oficiais. Os autores concluem que, apesar da afirmativa de que os partidos políticos brasileiros são organizações frágeis, eles exercem influência significativa sobre as campanhas e o desempenho eleitoral de seus candidatos.
Autores:
Este Tendências aborda avaliações políticas e comportamento político segundo clivagens raciais e religiosas dos cidadãos e está dividido em duas seções.
A primeira seção, baseada em dados para o Brasil, apresenta índices de avaliação presidencial de Itamar Franco (1992-1994) e os três primeiros meses do governo Fernando Henrique Cardoso. Os registros mostram a avaliação predominantemente regular do governo Itamar Franco por todo o período e o aumento da avaliação positiva entre julho e dezembro de 1994. No final do período, em dezembro de 1994, os dados mostram que os brasileiros, provavelmente sob a influência dos primeiros meses do Plano Real, passam a avaliar o governo federal de modo mais positivo. É notável que o inverso ocorra com o presidente Fernando Henrique Cardoso: enquanto, logo após a eleição presidencial, os entrevistados tenham se mostrado majoritariamente otimistas com seu futuro governo, nos três primeiros meses de sua gestão, a avaliação positiva diminui significativamente.
A segunda seção apresenta dados para o Brasil e para os Estados Unidos que abordam relações raciais e religiosas e tendências de opinião e atitudes políticas dos cidadãos entre os anos de 1980 e 1990. Os dados para o Brasil sugerem que, naquele momento, não existiam diferenças significativas nas opiniões e preferências políticas dos entrevistados que se autodefiniam segundo diferentes raças e religiões. Os registros para os Estados Unidos, por sua vez, mostram atitudes dos norte-americanos sobre as relações entre política, raça e religião, apontando para a discordância dos entrevistados de discursos políticos com conteúdos racistas e discriminatórios. As tendências de opinião entre os anos de 1980 e 1990 mostram a mudança nas percepções dos entrevistados de que as autoridades políticas deveriam se guiar por valores religiosos: enquanto no início do período a maioria dos entrevistados concordavam que os valores religiosos deveriam guiar os líderes políticos em seus cargos, no final da série, a maioria dos entrevistados apontava que religião e política não deveriam ser misturados. Ao longo de todo o período, no entanto, a maioria dos entrevistados aponta para a necessidade de separação entre a igreja e o Estado.