Opinião Pública – Vol. 11, Nº 2 2005
Artigos desta edição
Autores: Scott Mainwaring e Mariano Torcal
Este artigo examina duas diferenças entre os sistemas partidários das democracias industriais avançadas e os de países menos desenvolvidos, particularmente em termos do nível de institucionalização. O argumento geral é que os sistemas partidários dos países menos desenvolvidos são menos institucionalizados. De modo mais específico, mostramos primeiro que a maioria das democracias e semi-democracias em países menos desenvolvidos têm uma volatilidade eleitoral muito mais alta e menos estabilidade eleitoral do que as democracias industriais avançadas. E, em segundo lugar, boa parte da literatura sobre partidos e sistemas partidários pressupõe o contexto de sistemas partidários institucionalizados com partidos fortemente enraizados na sociedade e supõe ainda que vínculos programáticos e ideológicos estão na raiz dos vínculos estáveis entre eleitores e partidos. Nos sistemas partidários da maioria das democracias e semi-democracias dos países menos desenvolvidos, os vínculos programáticos e ideológicos entre eleitores e partidos são mais fracos. Nessa mesma direção, os vínculos entre eleitores e candidatos são mais personalistas nas democracias e semi-democracias dos países menos desenvolvidos do que nas democracias industriais avançadas.
Autor: Daniel Zovatto
Este artigo apresenta uma leitura regional comparada dos sistemas de financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais em dezoito países da América Latina. Apresenta também uma avaliação sobre as principais descobertas e tendências vigentes nesta questão e seus efeitos sobre os partidos e o sistema democrático, formulando ao mesmo tempo um conjunto de princípios orientadores, objetivos gerais e recomendações (não prescritivas) que deveriam ser levadas em conta em todo processo de reforma.
Autor: Maria Teresa Miceli Kerbauy
Neste artigo, o legislativo municipal é analisado a partir de dois eixos: (1) a ênfase em suas características nacionais e regionais, com base em dados sobre a composição social e político-partidária do legislativo municipal no Brasil, no período de 1996, 2000 e 2004; e (2) os diferentes modos como os poderes legislativos locais de São Paulo e Santa Catarina percebem os poderes executivos no que se refere ao processo decisório.
Autores: David Weakliem, Robert Andersen e Anthony Heath
Nos últimos anos, vários estudos têm examinado a influência da opinião pública sobre as políticas públicas, mas poucos têm considerado a influência da opinião sobre as condições sociais. São questões separadas, uma vez que as políticas podem não ter os efeitos pretendidos e a opinião pode influenciar diretamente os resultados, à parte das políticas públicas. Este trabalho examina a relação entre opinião pública e desigualdade de renda em uma amostra de cerca de cinqüenta países e conclui que a distribuição de renda é mais igual em nações onde as opiniões são mais igualitárias, e que essa relação é mais forte nas democracias. Porém, a associação com as opiniões de pessoas de renda acima da média é mais forte do que aquela apresentada pelas opiniões das classes médias, sugerindo que as pessoas com renda mais alta têm mais influência. A análise das fontes das diferenças nacionais em opinião indica que o igualitarismo aumenta com o desenvolvimento econômico, ao contrário do que sustentam muitos autores. A diversidade étnica e a experiência do regime comunista parecem reduzir os sentimentos igualitários.
Autores: Carlos Pereira, Timothy Power e Lúcio Rennó
A relação entre o comportamento da elite política e as preferências gerais da população está no cerne de discussões sobre democracia representativa. Porém, pouco se sabe sobre quem influencia quem e quanto tempo demora para que tal influência seja sentida. Este artigo apresenta resultados a partir de um conjunto de dados organizados em série temporal que permite verificar a relação entre o clima da opinião pública, a escolha presidencial de instrumentos de governo (legislação extraordinária versus ordinária) e o apoio do congresso às iniciativas dos presidentes no Brasil. Foram coletadas observações mensais sobre a popularidade do presidente, padrões de votação nominal no congresso e uso de medidas provisórias, e da legislação comum, pelo executivo. Esse conjunto de dados permitiu testar, usando técnicas de séries temporais, o impacto dessas variáveis umas sobre as outras e a defasagem temporal necessária para que esses impactos se tornem significativos.
Autor: Paulo Roberto Neves Costa
Este trabalho analisa as formas do empresariado brasileiro pensar a política, a democracia e as instituições do regime democrático, tendo por referência as transformações econômicas e políticas dos anos 1990. O objetivo é verificar o que esta dimensão revela sobre o comportamento político de importantes entidades representativas do empresariado e suas implicações sobre o funcionamento da atual democracia no país. Constatamos que houve mais continuidades do que alterações na forma destas entidades pensarem a política, o regime e seu próprio papel político, revelando certas particularidades sobre seus padrões de ação.
Autor: Sivaldo Pereira da Silva
Este artigo tem o objetivo de analisar se e como os governos municipais das capitais brasileiras estão empregando as novas tecnologias da comunicação e informação (TICs), especificamente a internet, para melhorar a participação do cidadão nos assuntos públicos. O estudo foi baseado no emprego político das TICs segundo cinco graus de participação democrática. Foram analisados os vinte e quatro portais (sítios na rede mundial de computadores) das capitais brasileiras presentes na rede mundial de computadores.
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