Resumo
Este Tendências enfoca o papel da mídia sobre o comportamento dos indivíduos nos processos políticos, através de aspectos variados, segundo pesquisas realizadas no Brasil e em outros países. Sua exposição inicia com uma comparação entre países da América Latina e Estados Unidos sobre a confiança em instituições específicas. Embora distante da inquestionável liderança da Igreja em todos os países pesquisados, a televisão destaca-se por ocupar um lugar mais importante que as instituições representativas, partidos políticos e congresso nacional, na confiança dos cidadãos. A televisão também figura entre as mais consideradas fontes de informação política. O consagrado conjunto de fontes de socialização e meios de obtenção de informação, como a família, o trabalho, as orientações da igreja e sindicatos, parece ceder cada vez mais sua importância para os noticiários de TV, os debates televisionados entre candidatos e o horário político eleitoral gratuito, transmitido pelos meios de comunicação. De fato, os dados de audiência de programas políticos em eleições – no caso específico brasileiro, as eleições locais de 2000 – e a importância que os eleitores dão ao seu conteúdo para a decisão do voto indicam que o hábito de buscar informação política nos meios de comunicação consolida-se, traduzindo as mudanças da política contemporânea. É isso também o que mostram os dados norte-americanos de busca de informação política na internet, reafirmando as transformações e os variados espaços ocupados pela política. Tendências mostra ainda que a estreita relação dos cidadãos com a televisão produz também opiniões ambíguas. É o que os dados de apoio à censura e controle da programação, coletados em pesquisa no Brasil e nos Estados Unidos, parecem sugerir. Se é ali, na TV, que a política acontece, aos olhos dos telespectadores é ali também que tem acolhida a violência e os efeitos perversos da sociedade moderna.