Opinião Pública – Vol. 18, Nº 1 2012
Artigos desta edição
Autores: Pedro Neiva e Mauricio Izumi
Este artigo tem dois objetivos principais. O primeiro é elaborar um perfil dos suplentes de Senadores no Brasil em comparação com os Senadores titulares. O segundo objetivo é avaliar a sua atuação política, no intuito de identificar se exercem algum impacto sobre o funcionamento do Senado e sobre a sua relação com o Poder Executivo. Sugerimos que o fato de os suplentes não serem eleitos contribui para que eles sejam designados para tarefas “espinhosas” que poderiam gerar custos políticos para os Senadores titulares. Verificamos também que eles oferecem um apoio ligeiramente maior ao Poder Executivo, especialmente nas coalizões que contam com uma participação maior dos partidos de direita.
Autores: Flávia Biroli e Luis Felipe Miguel
O artigo discute o valor da “objetividade” na construção do discurso e na orientação das práticas jornalísticas. A análise de revistas brasileiras semanais de informação permite observar que o ideal da objetividade e a afirmação dos valores morais não são excludentes: “fatos objetivos” e julgamentos complementam-se na legitimação do jornalismo como guardião dos valores sociais. O compartilhamento de posições sociais - e preconceitos - entre os jornalistas e seu público permite que perspectivas e interesses específicos sejam vocalizados como se correspondessem à totalidade, naturalizando um padrão de valores e transmutando julgamentos em fatos. No jornalismo, a neutralidade corresponde à validação de discursos hegemônicos.
Autor: Fabián Echegaray
Há pelo menos uma década que a utilização do poder de compra pelo consumidor para perseguir finalidades políticas ou éticas é um fenômeno debatido pelas Ciências Sociais internacionais. Diante do aparente desengajamento público com a política, o fenômeno do consumo politizado passou a ser reconhecido como uma das formas mais inovadoras e crescentes de participação política não convencional para os indivíduos, quebrando a tradicional divisão entre cidadania, a esfera dos bens públicos e os agentes políticos, de um lado, e o consumo, a esfera dos bens privados e os agentes de mercado, de outro lado. Entretanto, esse debate mal foi iniciado na América Latina, menos ainda sua discussão empírica. Este artigo aborda as evidências sobre a cidadanização das relações com as corporações que estimulam o uso do poder de compra como forma de influenciá-las a seguir valores e políticas favoráveis à sociedade e ao meio ambiente. A discussão se baseia em dados de pesquisas quantitativas com amostras representativas da população adulta da Argentina, Brasil e México e revela que o consumo político é um fenômeno já estabilizado e que tende a complementar outros modos de engajamento político na América Latina.
Autor: Marcus Abilio Pereira
O presente artigo analisa algumas das críticas feitas às teorias deliberativas da democracia, de forma a resgatar o conflito como componente determinante para o desenvolvimento das democracias contemporâneas. Esta paisagem teórica permitiu um avanço em relação às questões da inclusão política, ao reconhecer a importância da autonomia política e ampliação da igualdade formal. Apesar destes avanços, as teorias deliberativas da democracia passaram a ser objeto de críticas em relação à excessiva ênfase no consenso, o que acabou por eclipsar outras formas de ação política, tais como as ações coletivas de conflito. Neste artigo, busco reforçar a importância da ênfase no conflito como elemento determinante para o desenvolvimento de nossas democracias. Para tanto, promovo um diálogo entre a teoria deliberativa da democracia e a teoria dos processos políticos, que tem como foco central a análise da relação entre os atores coletivos, suas políticas de conflito e o contexto político.
Autor: Mario Fuks
O debate sobre o papel da socialização na aquisição de conhecimento, na formação das atitudes e no padrão de participação política do jovem nos lembra, constantemente, que a família e a escola são os ambientes definidores nesse processo. Mas isso não esclarece uma série de questões. Uma delas é a interação entre os diversos fatores que compõem esses contextos socializadores e os mecanismos por meio dos quais eles geram efeitos sobre o perfil político dos jovens. Essa dinâmica é o foco do presente artigo e o nosso principal argumento é que ela cria padrões distintos na influência desses ambientes sobre o perfil político do jovem, dependendo da dimensão considerada. Nossas análises são feitas a partir dos dados de um survey realizado em 2008 com jovens do ensino médio da cidade de Belo Horizonte.
Autores: Dalson Britto Figueiredo Filho, José Alexandre da Silva Júnior e Enivaldo Carvalho da Rocha
O principal objetivo desse artigo é apresentar uma introdução intuitiva à técnica de análise de conglomerados. Metodologicamente, utilizamos os dados de Coppedge, Alvarez e Maldonado (2008) sobre as duas dimensões da poliarquia propostas por Dahl (1971): contestação e inclusividade. A partir dessas dimensões os regimes políticos são classificados em diferentes grupos (clusters) de acordo com o grau de similaridade entre eles. Em termos substantivos,esperamos indicar uma ferramenta metodológica para classificação dos regimes políticos e facilitar a compreensão da técnica de análise de conglomerados na Ciência Política.
Autores: Juan Carlos Castillo, Paola Leal, Ignacio Madero e Daniel Miranda
Autores: Teresa Sacchet e Bruno Wilhelm Speck
Este artigo compara a arrecadação de campanha de mulheres e homens candidatos aos cargos de deputados federal e estadual no pleito de 2006, no Brasil. Com base em análise de dados desagregados por sexo a partir do banco estatístico do Tribunal Superior Eleitoral foi considerado se mulheres e homens têm arrecadações distintas de financiamento de campanha, e em que medida este pode constituir-se em um fator explicativo para o baixo desempenho eleitoral delas. Os dados evidenciam que as mulheres têm arrecadações de campanha significativamente menores que a dos homens, e que dada a alta correlação existente entre financiamento e sucesso eleitoral, este pode ser um dos elementos centrais para explicar o seu baixo desempenho eleitoral.
Autores: Lucía Selios e Daniela Vairo
Autor: Karl Henkel
Este artigo analisa a estrutura social dos entrevistados que apontam o item não resposta em um survey sobre assuntos políticos. Para isso foi realizado um survey com 2.110 jovens eleitores da rede pública de ensino em Belém (PA). Os dados indicam que a quota da não resposta aumenta com a mudança de um ciclo de vida para outro ou com a própria experiência obtida pelos efeitos das políticas públicas, o que deixa o entrevistado em dúvida em relação aos valores e opiniões estabelecidos.
Autores: